Um jogo com raquetes que inicialmente adotou a areia das praias como a sua quadra e tem a capacidade de desenvolver o espírito de colaboração, o senso de trabalho em grupo e as relações de amizade. Neste sábado (13), venho lhes apresentar mais um esporte genuinamente brasileiro! O segundo esporte da série “Origem Brasileira” é o FRESCOBOL!
O Frescobol surgiu no Brasil, na década de 1940 no Rio de Janeiro, pouco tempo depois do término da Segunda Guerra Mundial. O esporte foi idealizado por Lian Pontes de Carvalho, um morador no bairro de Copacabana e assíduo frequentador do posto 2 da famosa praia carioca. As primeiras raquetes de madeira foram fabricadas por um carpinteiro da região e a bola utilizada na época era uma bolinha desencapada do tênis de campo.
O nome do esporte em questão foi criado a partir de um termo bastante comum entre os moradores do Rio de Janeiro, o “FRESCOR DO FINAL DE TARDE”. Foi então, que turistas estrangeiros, que não suportavam jogar no do calor das tardes, misturaram os termos FRESCO + BALL, e os cariocas enfim batizaram o esporte de FRESCOBOL.

Durante muito tempo, o FRESCOBOL foi visto apenas como uma simples diversão de praia, tendo a cooperação como objetivo principal. Com o passar dos anos as competições foram acontecendo em vários Estados brasileiros, mas as regras não eram unificadas. O que, por vezes, acabava em conflitos entre os participantes.
O Frescobol precisava de regras objetivas, específicas e unificadas para que emplacasse como esporte em todo país. Na década de 1980 várias associações foram criadas pelo estado do Rio de Janeiro, e em seguida surgiram as Federações Estaduais, buscando a sua profissionalização.
Foi apenas na década de 1990, com a realização do I Circuito Brasileiro de Frescobol, que percorreu do Sul ao Nordeste do País, que o frescobol consagrou-se esporte competitivo de alto rendimento. Tal evento possibilitou seu desenvolvimento através de intercâmbios entre os seus adeptos.
Em abril de 2003, em Vitória-ES, a Associação Brasileira de Frescobol – ABF, realizou o I Congresso Brasileiro de Frescobol, com o objetivo de discutir a proposta apresentada pela Federação Bahiana de Frescobol. Participarem deste evento alguns representantes das Federações de Frescobol dos Estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, e também alguns membros da Associação Brasileira de Árbitros e Atletas de Frescobol do Estado de São Paulo. Na ocasião foi definida uma metodologia capaz de efetuar a leitura do jogo, transformando-o em números, abstraindo ao máximo a subjetividade e criando fórmulas matemáticas, totalmente objetivas, com o auxílio dos melhores atletas e árbitros do Brasil.
A partir de então o frescobol deixou de lado os conflitos e passou a estimular a parceria. É um esporte sem rivalidade, sem derrotados ou vencedores. Apresenta um único e simples objetivo: manter a bola sempre no ar..
As partidas de frescobol são jogadas sempre com jogadores de uma mesma equipe, que podem escolher entre quatro modalidades diferentes:
– Livre – os jogadores precisam manter a bola em movimento aéreo durante o maior tempo possível;
– Veloz – a partir de um tempo dado de 1 minuto, a dupla deve rebater a bola o maior número de vezes possível;
– Radical – a bola deve ser mantida aérea durante todo o tempo da apresentação e os atletas devem atacar de maneiras diversas;
Especialistas – ao se apresentar, a dupla elege o especialista em ataque e o especialista em defesa. O especialista em ataque deve executar os movimentos de modo bastante diversificado e, como em outras modalidades, deve manter a bola no ar o maior tempo possível.
Para a composição das equipes de Frescobol, existem duas formas de apresentação de uma partida:
– DUPLA: praticada por dois atletas, um em cada extremidade da Zona de Jogo.
– TRINCA: praticada por três atletas, um como pivô em uma das extremidades, e dois na outra extremidade da Zona de Jogo. Durante a apresentação, os atletas deverão alternar a posição de Pivô.
Por ser um esporte de exibição as equipes adversárias não tem confronto direto. Em competições oficiais, vence a equipe que apresentar maior pontuação a partir da sua apresentação entre os quesitos avaliados pela arbitragem: bola no ar, ataques, equilíbrio, agressividade e destreza.
E em momentos de recreação e descontração, a competição jamais deverá existir. Deve dar lugar a cooperação e a ajuda mútua para que a bola fique o maior tempo possível em jogo.
Benefícios da prática do Frescobol:
Pode ser praticado em praias, quadras e campos de grama;
Ensina a explorar as virtudes e nunca as deficiências dos dos praticantes;
Ensina a conviver com os erros dos outros, tendo a desculpa a cada erro;
Aumenta o equilíbrio físico e mental;
Melhora a coordenação motora, os reflexo e a agilidade;
Melhora a concentração e a capacidade de aprendizado;
É salutar e terapêutico;
Melhora o condicionamento físico;
Auxilia na perda de peso.
Apesar da profissionalização do frescobol no Brasil e em vários países do mundo, com suas práticas competitivas, a essência do jogo, fundamentado na reciprocidade, continua a mesma. É um esporte de facílimo aprendizado, recomendado para todas as idades. E também um dos com menor custo para o praticante, pois além do equipamento ser simples, é barato e acessível.
Sobre a colunista

Andreia Munalli Pereira Borssatto têm 43 anos e é natural de Rio Negro PR. É Formada em Educação Física pela UFSC e Profissional de Educação Física há 22 anos. Atualmente é professora e coordenadora do Curso de Educação Física da Uniplac e Mestranda do programa Ambiente e Saúde da Uniplac. Ela escreve em EsporteSC sempre aos sábados.
Foto capa: André Teixeira